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Alguns poemas
Arbusta, raiz-preta
caninana
Mordidas desfeitas, viro casca até veneno
Posso com meus dedos amargos
fazê-los ácidos de mais
fendas! minhas fendas –
viva e morra
§
Depois de todas as avós
morrerem
os avôs olham para o mar
e dizem
nossa, o mar ainda está violenta
e riem ajeitando o erro
antes doutro som de sim,
violenta!
Uma criança sem blusa
corre traçando círculos
ao som de um pai que diz
que te amo com raiva
e mergulha na ira
e uma criança ri muito
ajeitando o erro
construindo círculos
Um barco pesqueiro com
quatro cabeças passa por trás
o amor com raiva superando
a água a cabeça vira
Em cima assistindo
o mar violenta com neblina
por trás da raiva do amor,
do avô, do círculo e do círculo
e do círculo
treze caravelas
uma imagem de época
§
uma alga viva:
alguém mete as mãos
e ela foge
ou ela gruda
e sentem
nojo
como alga viva, mãe?
primeiro desista da palavra
força
logo depois da resistência.
um corpo resistente
é destruído fácil
por quebradiço.
logo depois exercita o drible:
algo esbarra, se desvia
ou abre buraco
para que passe
seja peixe porém
não morda
isca.
§
Estou esgotada do prediletismo
pela poética do relato – tristes coisas vistas
Cotidiano vestido no procedimento
cediço, temporal, clássico do café
açucarado (e dos ávidos
que escondem a pequena colher)
Feitura sem rito assassina e mata – tralhas,
tralhas, jogos de dados cheios de ácaros
Essa cisma documentada
mofando o hábil lugar da palavra barata
Muitas vezes estive presa nos dinheiros
das dívidas e
das narrativas
(bom trabalho
boa mídia)
até quando o mistério do silêncio
pediu minha mão oferecendo-me jóias
Assim narrarei este pedaço:
o impossível casório saudável
como aliar-se em nome de Deusas
sendo suas palavras o luxo da não-fala
e sua escrita do ócio
a grande medida para prever um divórcio
§
Alguém sempre brada
ponha-se pra fora
à espera de um estilo
que valha o preço de
fenecer
pelo motivo do erro:
plano de vazamento
Um felino e um cão sabem
que o plano é, pela
necessidade de agi-las,
manejar a vida
das coisas afora
E então senti-las, após.
Que antes, à palavra
não importa
fazendo-a cheia e fraca
Que a boa hora não
se deseja ao líquido
que entorna, mas ao
filho.

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